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Pimenta na Moqueca: se não arder, não presta!

J. Britto 6 meses atrás

Como um apaixonado pela culinária baiana, aprendi duas coisas: moqueca se come quente e pimenta se não arder, não presta! Da mesma forma é a crítica política, resultante da análise muito particular deste autor. Quando ela incomoda a certos atores e atrizes sociais é sinal de que atingiu o objetivo, que é, justamente, arder nos olhos daqueles que querem jogar areia nos nossos.

E como bom nordestino, preservo o espírito tropicalista e me inspiro na poesia torquatiana do “Anjo Torto” que, com um sorriso entre dentes, nos entrega desde cedo a espinhosa missão de desafinar o coro dos contentes. Políticos profissionais, em geral, adoram uma zona de conforto e detestam saber que seus planos e acordos secretos podem, de alguma maneira, ser trazidos à luz e assim atrapalhar conchavos, desmascarando a aura de bom-mocismo que alguns [e algumas!] tentam vender para a população. Mas de perto ninguém é normal, como diz aquela canção na voz da Gal.

Portanto, acorda minha “honey baby”! Bem-vinda a Real Política. Podem bater, xingar, só não me chamem de machista e misó-sei-lá-o-quê, porque desses males não sofro. Joga o leite mau na cara dos caretas, na minha não! Discordem dos meus escritos à vontade, não são nenhuma sentença imutável. Apenas o recorte de um determinado momento e neles posso, sim, cometer erros de avaliação. Jamais o ataque pessoal, de gênero ou de outra natureza que possam diminuir indivíduos em particular ou ferir egos inflados.

O meu campo de batalha é o da luta política, e nele não faço distinção de homem ou mulher, negro ou branco, jovem ou velho, índio ou cara-pálida. Todos são iguais perante ao ‘El Paredón’ imaginário de onde disparo a poderosa arma da crítica, por entender que caráter, coerência, clareza e compromisso políticos independem de raça e gênero. Refuto a doutrinação de cartilhas identitárias e recuso-me a ouvir a cantilena decadente dos cirandeiros pissolistas. Enfrento, com a coragem dos justos, os levantes da patrulhagem ideológica e da rabularia causídica.

Aliás, chama atenção o fato de nenhum petista de quatro costados, remanescente da fundação do partido na cidade, ter criticado ou desmentido os pecados políticos apontados no texto. O exemplo da madame francesa, personagem de um romance fictício, foi para denunciar a manobra política que tenta jogar o capital político do PT no colo de seus adversários históricos. A isso denomino TRAIÇÃO POLÍTICA da atual presidência, que pode representar o ‘SUICÍDIO POLÍTICO’ da legenda que está sendo usada apenas como trampolim para alcançar objetivos pessoais e eleitoreiros, ignorando decisões coletivas.

O texto suscita algumas perguntas que eu gostaria que tivessem sido respondidas:

1 – Será que a atual presidência tem autorização do PT para fazer conchavos com o ex-prefeito Rui Macedo e o inominável ex-presidente da Câmara Municipal?

2 – A pré-candidata vai mesmo deixar a presidência do PT e migrar para outro partido a fim de garantir sua indicação à disputa do cargo majoritário nas eleições municipais de 2024?

3 – O PT vai romper o acordo federativo em Jacobina passando por cima da resolução política nacional que estabelece a unidade da Federação PT/PCdoB/PV como fator para ampliar a base do governos Lula e Jerônimo nas eleições municipais?

Ao invés da defesa da tática política e eleitoral que está sendo adotada, o que vi foi o show de vitimismo e a dificuldade cognitiva presentes nos comentários de milicianos digitais mobilizados pela pré-candidata. Preferem linchar o carteiro para não lerem a carta.

Já que citar um romancista francês, criando a ponte lúdica entre Literatura e Política, melindrou a intelligentsia pseudo-esquerdista, os malabaristas do Direito e a militância universitária intramuros, desta vez vou comparar a trama política a um romance machadiano, deixando outra pergunta no ar:

Afinal, Capitu traiu ou não Bentinho?

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