Belas e exóticas. Perfumadas e coloridas. São elas: orquídea, rosa, murta, jasmim, hortênsia, crisântemo, violeta, dama-da-noite, copo de leite… As flores vêm logo à mente quando o calendário sinaliza a chegada da Primavera a pouco mais de 20 dias. Ainda que as estações no Brasil não sejam bem definidas, a chamada “estação das flores” instiga a sensação de alegria, leveza e bem-estar. Mais do que isso, as flores movimentam R$ 216 milhões em vendas por ano na Bahia, segundo dados de 2016 do Instituto Brasileiro de Flores (IBRAFLOR). Ainda conforme a entidade, produtores baianos ocupam a oitava posição no ranking nacional no cultivo de flores e plantas ornamentais – o que é considerada uma produção pequena em relação a outras praças, como São Paulo, mas que se destaca pela beleza e diversidade de espécies.
Entre inúmeros municípios baianos que têm sua produção de flores intensificada neste período, como Feira de Santana, Vitória da Conquista, Mata de São João, Camaçari, Morro do Chapéu, Ilhéus e Palmeiras, destaque para Maracás. Maior produtora de flores do Estado, a “Cidade das Flores”, como é chamada, ganhou o título graças à altitude e à temperatura ideais para o cultivo. A floricultura no município vem se sobressaindo desde 2001 como uma importante alternativa de trabalho e renda. Por lá são mais de 200 produtores de flores, distribuídos em projetos divididos entre associações e produtores privados.
A Associação Maracaense de Agentes Floricultores (AMA-FLOR), uma das responsáveis pela produção de flores na cidade, produz sete espécies, entre as quais rosa, áster, gérbera e margarida, além de folhagens. “Temos uma estufa, onde cultivamos essas variedades e vendemos nas feiras livres, a partir de Jequié até Ilhéus”, disse o secretário da AMA-FLOR, Eliseu dos Santos. Ele conta que costuma orientar seus clientes em relação à conservação das flores, que são sensíveis ao calor. “A dica que damos sempre é colocar as flores em um jarro com água gelada e inserir pedras de gelo, mas só deve retirá-las da embalagem perto da hora do evento. E o importante é que a água seja trocada todos os dias. Fazendo isto, elas duram de oito a dez dias em perfeito estado”, ensina.
As orquídeas
Paixão de produtores, floristas, comerciantes e consumidores, as flores são apreciadas em suas mais variadas espécies: as tropicais, como a alpinea vermelha e o bastão do imperador, usados em projetos de decoração e paisagismo; as rosas, que são as mais vendidas; e as requintadas orquídeas, entre outras tantas. Estas últimas carregam dados curiosos: no mundo todo, há cerca de 50 mil espécies, sendo que 20 mil são encontradas diretamente na natureza e outras 30 mil são criadas em laboratório, a partir do cruzamento de diferentes espécies. As orquídeas, aliás, estão entre as flores mais lindas da natureza e apresentam diferentes formas, cores e tamanhos.
No Forte Orquidário, um espaço coberto de oito mil metros quadrados, criado há nove anos na Fazenda Lunda Bahia, em Mata de São João, são cultivadas cerca de 80 mil plantas, com destaque para as orquídeas vanda. “Importamos as mudas pequenas de vanda da Tailândia, que tem um clima quente e úmido muito parecido com o nosso, e fazemos o cultivo em nossas estufas (onde o cultivo é feito com dispositivos de climatização, sistemas de irrigação e práticas de controle biológicos de pragas) até o ponto de comercialização, que gira em torno de dois a três anos. São plantas de raízes aéreas e que se adaptaram muito bem em nosso clima da Bahia”, explica o proprietário do orquidário, André Lima. Ele conta que 80% da produção é exportada para o Orquidário Suzuki, em São Paulo.
Espécies de variadas formas, cores e tamanhos que encantam cultivadores e colecionadores, as orquídeas precisam de cuidados especiais para que durem infinitamente. “Cada flor tem uma maneira própria para ser cuidada. Para regar a orquídea Vanda, por exemplo, deve-se pegar a raiz dela e mergulhar em um balde por três minutos, que é o tempo que ela absorverá os nutrientes da água. Ela deve ser molhada desta forma todos os dias no verão e, no inverno, dia sim e dia não. Usar um fertilizante líquido de vez em quando também é indicado. Trata-se de uma planta que não deve ser colocada no sol porque queima as folhas; ela só precisa de claridade. Se bem cuidada, pode dar até três florações no ano e ficar até 60 dias florida”, detalha André Lima, que expõe suas orquídeas até o final de setembro, no Shopping Paseo, em Salvador.
Arranjos para festa
A flor murta é outra espécie que atrai os consumidores e se adaptou bem no terreno da Associação Comunitária dos Floristas de Feira de Santana, localizada no Centro Industrial de Subaé (CIS). A espécie arbustiva, que pode alcançar até sete metros de altura e apresenta uma ramagem ramificada e lenhosa, é muito utilizada para fazer arranjos para festas. Mencionada na mitologia grega como uma flor dedicada às deusas Afrodite e Vênus e para os poetas da antiguidade clássica simbolizava “amor feliz”, a murta é cultivada por oito produtores associados.
“Com essa espécie, além de outras como palma de Santa Rita, aspargos, áster, folhagens, alecrim e hortaliças, abastecemos os boxes de flores da Avenida Getúlio Vargas”, relata a secretária da entidade, Simone Borges. Na associação, cada um dos associados tem a sua área para plantar. Segundo os floristas, que contam com o apoio da Belgo Bekaert, da Coelba e da Prefeitura de Feira de Santana, a produção de arranjos especiais para festas e casamentos tem sido outra importante fonte de receita, graças à qualificação da mão de obra.
Fonte: A Tarde